quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pequenos segredos de acústica com Sólon do Valle

Na sua opinião, quais são os tratamentos acústicos indispensáveis que o músico, ou produtor, deve ter em seu estúdio? 
Sólon: Há dois tipos de material: um, poroso, para absorver frequências médias e agudas; outro, amortecedor, para equilibrar os graves. Materiais porosos são a espuma acústica (à direita), a lã mineral, os estofados, etc. Materiais amortecedores são chapas de madeira fina formando "caixas" fechadas, parcialmente preenchidas com material poroso. Com menos que isso, não dá! 

É possível fazer um tratamento acústico com um custo baixo? 
Sólon: Sim, é possível. Por exemplo, para gravar em casa um instrumento ou voz, vá até o quarto de dormir, abra todas as portas do guarda-roupas, feche a cortina, ponha um cobertor ou edredom bem grosso na cama, e você já terá um bom tratamento acústico. O que não funciona é isopor, cortiça e caixa de ovo. Espuma acústica sozinha também não funciona, pois não absorve os sons graves. 

Quanto custa hoje um projeto de tratamento acústico para um estúdio de médio ou pequeno porte? Que tipo de profissional deve-se procurar? 
Sólon: É preciso que se procure um consultor, ou projetista, que provavelmente indicará um mestre de obra treinado para a execução do projeto. Um estúdio de pequeno a médio porte, atualmente, custa entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, dependendo do tamanho, incluindo o projeto e a obra. 

O que é melhor na hora de gravar guitarra ou baixo: utilizar simuladores de amplificador, ou microfonar, de forma tradicional, esses instrumentos? 
Sólon: Se você dispõe dos verdadeiros amplificadores "clássicos", de bons microfones e de um bom estúdio para a captação, nem precisa pensar muito! Mas, como esse não é o caso de muitos artistas e estúdios, os simuladores são uma grande opção. Há, também, simuladores melhores e piores; antes de adotar algum, ou alguns, experimente vários, como se fossem "de verdade". 

Citando também os plugins de bateria, que podem ser utilizados com kits de pads (à direita), pela sua experiência, esta seria uma alternativa para os que não possuem um tratamento acústico ideal para gravar instrumentos percussivos? 
Sólon: Aqui, a coisa se complica. No caso da guitarra, o instrumento continua sendo real, tocado por um ser humano real. Apenas o timbre é processado digitalmente. Mas, quando falamos em bateria, há diferentes graus de "robotização" no processo. No mínimo, podemos usar "pads" para triggar (disparar) samples de sons percussivos, o que mantém o swing humano e acrescenta melhor ou pior qualidade aos sons ouvidos, conforme a qualidade do sistema. 

Num estágio intermediário, podemos usar loops (trechos repetíveis) em forma de áudio ou em forma de Midi - as "levadas" e divisões são humanas, porque realmente são registros de execuções humanas; o risco é o usuário programar as sequências de forma pouco natural, repetitiva demais ou com trechos incompatíveis seguidos. 

O último estágio é a bateria eletrônica, em que cada compasso é programado matematicamente, usando uma interface gráfica musical. Embora os softwares atuais possuam ferramentas para introduzir swings, grooves, shuffles, irregularidades e pequenos erros, a fim de "humanizar" os resultados, ainda assim há o perigo de se obter resultados "sem graça" ou "retos demais". Mas isso depende do estilo de música, e, em vários casos, pode ser a melhor opção. Na minha opinião, o tipo intermediário, baseado em loops, é o mais fácil de se usar, rápido, intuitivo e bastante natural. Vários softwares de sucesso usam esta fórmula hoje. 



Fonte: Texto de André Iunes Pinto 
Confira esse e outras notícias no blog Overdubbing 

Nenhum comentário:

Postar um comentário