
Não vou usar aqui os termos “morte”, “falecimento”, ou algo parecido, apesar de já os ter citado agora, pois não foi essa a sensação que tive no momento de sua despedida. Vai-se o corpo, fica a lenda. Fica a imagem de alguém que realmente foi realizado naquilo que fez. Foi pleno! Sólon foi uma referência máxima em acústica no Brasil, um ponto de encontro quando o assunto era simpatia transmitida em abundância. Sujeito do riso fácil! Era notório seu grande amor pelo áudio, pela tecnologia, e, principalmente, por música.
Tive recentemente a chance de trabalhar com ele durante um ano como editor de jornalismo na revista Áudio Música & Tecnologia, da qual o mestre era editor técnico e fundador. Inevitável o quanto essa experiência tornou meu trabalho como jornalista da área de tecnologia musical mais completo. Não falo isso somente pela carga de conhecimento adquirida, e sim pelo contato com sua sensibilidade realmente contagiante e olhar aguçado. Inúmeras foram as vezes em que, após falar ao telefone com ele, eu dizia “o Sólon é gente boa demais”. Os repórteres já me olhavam rindo, pois a expressão virara um bordão na redação.
Sem ele, cria-se uma lacuna cujo preenchimento será difícil de acontecer. Sim, pode ser que no campo técnico demore a nascer outro Sólon do Valle no mercado de áudio, ou, talvez, isso nem aconteça. O mundo certamente ficará menos audível sem sua presença. Se a partir de agora, nas noites de chuva, os trovões soarem com menos reverberação, tenha certeza de que há o dedo do Sólon nessa história. Descanse em paz, meu amigo, com muitos solos de guitarra, Rock`n Roll e, quem sabe, fazendo bons tratamentos acústicos nas nuvens de onde estiver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário