terça-feira, 21 de maio de 2013

Entrevista com Mestre Arthur Verocai



Mestre Arthur Verocai, muito obrigado por gastar seu tempo precioso com nossa entrevista. É de imensa importância pros nossos estudos as palavras de um artista como você. Muito grato.


- Quando foi a primeira vez que você foi, ou ficou sabendo que foi sampleado? Qual foi a sensação de saber que sua música estava sendo reutilizada na produção de uma outra música, e o que achou disso?
Arthur: A primeira vez oficialmente foi em 2005, pelo Little Brother. Foi uma sensação nova, pois os conceitos são bem diferentes de uma música normalmente feita até então. No início, não entendi direito, mas depois tudo bem.


- Você considera os produtores e DJs de rap estadunidenses os responsáveis pela boa repercussão do seu agora clássico disco homônimo?
Arthur: De certa forma, sim, para a turma do hip-hop americano, pois o disco já tinha emergido no resto do mundo. Por isso, foi relançado em 2003, nos EUA.


- O que você acha do disco ter sido ignorado pela maioria do público consumidor na época do lançamento e, hoje, a rapaziada jovem estar curtindo? O disco era realmente avançado demais para a época?
Arthur: Ninguém gosta de ver seu trabalho ignorado. Na época, foi desagradável, mas depois, com o reconhecimento, fiquei satisfeito. Quem disse que eu estava a frente do meu tempo foi a imprensa americana.


- Tem notícia de algum produtor brasileiro que já tenha sampleado seu trabalho?
Arthur: Não.


- Nos EUA e nos países em que foi sampleado, a questão dos direitos autorais é justa? Qual é a sua opinião sobre o uso indevido de suas obras?
Arthur: Acho que a música popular é feita de melodia e letra. No caso, o sample faz a melodia e o rapper, a letra. Portanto, existe uma parceria e esta deve ser creditada aos autores, tanto da música quanto da letra.


- A música “Na boca do sol” é campeã entre as suas sampleadas. O que há de mais interessante na sua música que chama a atenção dos produtores de rap?
Arthur: É uma pergunta que deve ser feita para os que samplearam.


- Alguns músicos questionam a legitimidade do sample como composição. Qual é a sua opinião quanto a isso? Sample é uma composição? É uma criação musical?
Arthur: Encaro o sample com uma criação fonográfica-musical feita a partir de uma criação musical.


- Você participou do disco single “Tema do canibal”, do produtor de rap BK-One, com uma belíssima composição que abre o lado B do disco (no caso do vinil). Aconteceu então o processo inverso, um produtor de rap o convidando para compor uma música baseada em uma composição dele. O que achou de tudo isso? E qual foi a participação do DJ Nuts na produção dessa faixa?
Arthur: Não acho que foi um processo inverso, e sim o desenvolvimento de uma frase musical que fazia parte da música original. Foi interessante fazer uma coisa nova e posso dizer que o DJ Nuts foi o produtor.


- Aqui um espaço livre pras suas palavras, mestre.
Arthur: Considero um sample bem feito uma criação fonográfica-musical que está intimamente ligada com o discurso do intérprete.



Nenhum comentário:

Postar um comentário